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quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

A MORTE INICIÁTICA

A oposição entre a morte e a vida é uma das questões mais antigas que a humanidade enfrenta. No entanto, morrer opõe-se a nascer, enquanto nos revela o Alfa e o Ómega de cada tempo de nossa vida. No mundo ocidental estamos habituados a temer o outro, ou seja, tudo o que é contrário; somos nós ou os outros; se temos vida tememos a morte. Branco ou preto, opostos ou complementos. A Antítese.

No mundo oriental, encontramos a síntese da vida e da morte. Ambas fazem parte do caminho, e entrelaçadas, permitem ao homem que avança para a morte saber-se imortal.

Alexandria foi a confluência da mitologia Egipsia e do fervor apocalíptico das seitas judáicas, da luta cósmica entre Deus e o Diabo de Zoroastro, bem como das buscas espirituais de Platão e seus seguidores, da astrologia do Oriente Médio e da alquimia entremeada com a geometria e a matemática helenística. Essas antigas especulações e tradições inflamaram a continua busca do significado da vida e morte e das palavras de Jesus.

A morte será real ou simbólica?

Toda a morte é simbólica e iniciática, permitindo-nos ingressar numa nova vida, renascendo interiormente e transmutando o nosso íntimo, o nosso verdadeiro ser. Não é apenas uma inevitabilidade, mas pode ser também o caminho para uma nova oportunidade, um recomeço.

A morte é fundamental no conceito símbólico maçônico, representando um ritual de passagem do profano para iniciado, constitui uma oportunidade de acender a uma nova visão da realidade, transformando os metais inferiores, de que necessitamos de nos separar, em metais superiores dos quais já não serão necessário despojar-nos.

O tempo de vida do iniciado Maçom dá-lhe uma nova oportunidade de vencer o vício e as paixões abrindo o caminho da luz e da verdade, libertando o espírito dos grilhões impostos pela razão, como nos transmitiu Paracelso, para quem o conhecimento visionário se substituirá à compreensão literal dos textos. Este é o tempo para buscar o conhecimento primordial e fundamental, que diz respeito à natureza divina da própria essência do ser, em que a alma surge como centelha de luz divina. O Branco.

A informação incorreta remete para o temor, em que a centelha de luz está sujeita à influência de forças exteriores e obscuras, no exílio da matéria. Cativos no cárcere imperfeito que é o corpo, somos iludidos pelos sentidos exteriores.

Este dualismo, presente na filosofia Platônica, cava um abismo entre interior e exterior, sujeito e objeto, espírito e matéria. Dois caminhos paralelos. Os ladrilhos de cor escura que se atenuam até a cor mais clara remete para os diversos níveis de consciência de nossa existência terrena. A quimera da luz até as trevas, conduz ao fogo espiritual eterno que nenhum mortal pode ver.

Em alguns ritos maçônicos, exaltam-se três substâncias que dão a cada coisa o seu corpus. O que arde é enxofre, o que estabiliza é o mercúrio, o que se transforma em cinzas é o sal. O sal é o sedimento físico, o próprio cadáver.

Os pares alquímicos enxofre e mercúrio, Sol e Lua, Masculino e Feminino, unem-se apenas pela ação do fogo salino.

O enxofre e o sal são duas forças em perpétua oposição. Enquanto o enxofre simboliza tudo o que nos induz movimento, mudança, criação e expansão, o sal remete para tudo o que na nossa vida constitui estabilidade, resistência e inércia. Um precisa do outro, pois são dois pólos da Energia Universal. O equilíbrio entre estas duas tendências produz o mercúrio vital, princípio da inteligência e da sabedoria, o caminho para as virtudes.

Morrer e renascer. Opostos dependentes que nos encaminham ao ternário, harmonizando os opostos, refletiremos no mundo a unidade inicial. Encontraremos os três pontos. Força, Beleza e Sabedoria. Fé, Esperança e Caridade, Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Chegaremos ao triângulo, símbolo de Perfeição, Harmonia e Sabedoria.

A morte como transcendência da vida humana não é algo evidente. Cremos que a morte é deixar de viver, no entanto se a alma supera a morte, então a morte é o meio para alcançar uma nova vida.

Morrer é voltar a viver.

Isto é defendido por muitas doutrinas que acreditam que os homens constam de um corpo corruptível e de uma alma imortal.

A alma humana é um princípio imaterial que anima o corpo. Esta imaterialidade é o que assegura à alma a sua imortalidade, não podendo morrer porque é uma centelha divina, uma participação do seu criador, o G.ADU.

Platão estava certo em Gorgias, quando cita Eurípedes: “Quem sabe se a morte não é vida, e a vida não é morte?”

Como nos transmitiu os escritos de William Shakespeare, “nós somos feitos da mesma matéria que os sonhos”.

Refletir sobre a morte obriga-nos a refletir sobre a vida.

A câmara escura, isolando-nos do mundo, propícia a introspecção profunda, o conhece-te a ti mesmo, na busca da saber filosófico e da razão.

A morte representa o desconhecido. Por isso, é fonte natural de receios e angústias.

No entanto, é vulgar encontrarmos entre os profanos a aceitação da morte pela sua inevitabilidade e apenas tementes da dor que acompanha a corrupção do corpo, imposta pelo avançar do tempo ou pelo malho, que nos tomba através da doença ou de acidente.

Quando compreendermos a morte estaremos compreendendo a vida.

A morte é muitas vezes a única solução que resta numa vida sem sentido, possibilidade de recomeço quando o rio da vida não pode mais seguir o seu caminho e até o livre arbítrio deixa de poder ser exercido. Daí, encontramos neste caso suicidas, mas também pessoas insuspeitas que desenvolvem todo o tipo de doenças psicossomáticas, uma forma discreta da alma se livrar do corpo.

A morte foi objeto de muitas manipulações ao longo dos séculos. A forma como enfrentamos a morte influencia decisivamente a forma como vivemos. O medo da morte pode paralisar a vida. Por isso, tantas e tantas vezes no passado, o medo da morte foi usado para controlar os impulsos dos injustiçados. Superar esse temor é liberta-nos, atingindo um poder imenso e aproximamdo-nos da real liberdade.

Aqui ,  importa deixar claro que não dizemos que viva a morte como os personagens funestos e heróicos da História, mas sim não temeis a morte! Pois, a nossa verdadeira essência é imortal.

A ampulheta marca a brevidade do nosso tempo de vida até que a gadanha ceife o fio que nos liga ao veículo que nos transporta nesta passagem e nos lance na eternidade. Assim, importante é a maneira como empregamos este tempo que nos é concedido. Imenso privilégio é poder partir nessa viagem estando em completa paz interior.

No momento de passar ao Oriente Eterno, deixamos, então, o nosso corpo, iniciando a viagem em direcção à luz, penetrando o túnel inundado de luz e escutando a música das esferas de Arquiemedes no regresso à casa de nosso Pai.!!

Não pense que a ressurreição é uma ilusão. Não é ilusão, mas verdade. É mais adequado dizer, então, que o mundo é uma ilusão, (Da Epístola a Rheginus, um texto copto-gnóstico de Nag Hammadi).

Assim , renascemos e voltamos a viver em uma cadeia unida pelo amor fraternal.!!

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